sábado, 28 de novembro de 2009

Indecifrável



Quantas vezes quis decifrar o indecifrável só pra poder enxergar com clareza. Ou então entender as voltas que a vida dá. Já quis te prender comigo, te dar a chance de ser mais que um amigo, tudo isso pra te decifrar.

Quis bater pra ouvir grito, ferir pra ver sangrar. Queria fazer sofrer, só pra ver chorar. E quando chorando estivesse, talvez se a lucidez a partir daí me guiasse, eu teria fé em você, sem que você precisasse implorar para que eu voltasse.

Já que sem força pra bater eu me contenho, sem coragem pra falar me calo. Sem a mínima audácia me amparo na segurança de meus pensamentos, fazendo uso da beleza das palavras em textos. E enquanto aos poucos seu mistério vou esquecendo, você vem se preparando, pra mais uma vez a mim aparecer indecifrável, medroso e calado, alimentando minhas esperanças de que um dia, quando você nem ao menos esperar, eu possa até seu interior chegar, só pra te decifrar.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Constelação

Cada um tem um lugar a qual pertence, rodeado daquilo que lhe atrai, que lhe fascina. Há quem escolha viver pelos céus, ao lado das estrelas. Mas há quem não consiga conviver com uma intensidade tão grande de brilho. Se ofuscam e se perdem.

Você perdeu a noção, perdeu a consciência e também a razão por dentre toda a constelação. Desculpe se você acabou se distraindo e escorregado tão forte. Ou se você apenas confundiu-se. Me desculpe, é tudo minha culpa. Apenas pensei que você soubesse. Vejo que me enganei.

Mas vejo que ainda não é tarde, talvez nunca será tarde demais, só queria que você também fosse ciente disto. Por isso te digo hoje, talvez um pouco tarde, tarde para você. E confesso que não esperei causar isso.

Desculpe por todos devaneios, pensamentos e reflexões vazias. Você esperou mais do que deveria. Você perdeu-se onde não havia saída, porém se você ir agora, nesse momento, talvez você encontre o caminho pra casa. É só seguir as estrelas menos brilhantes, aquelas que brilham com menor intensidade. Pois o caminho daquelas grandes e solitárias, aquelas de brilho questionador e entorpecente, o caminho delas te trará de volta pra mim.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Carlinhos

Todo mundo conhece aquele menino, o serelepe Carlos Enrique, ou então só Carlinhos. Aquele que tem um sorriso zombeteiro, mas que não deixa de ser uma criança encantadora. Quem o vê, desdentado e seguidamente sujo de barro, não diz que ele é o melhor da classe, tão pouco que reza todas as noites pro papai do céu curar sua vózinha.

É, o Carlinhos além de ser aquele fedelho que passa o dia jogando bola na rua, se atirando em esconderijos enquanto brinca de esconde-esconde, também é aquele menino que volta pra casa pra tomar banho na hora certa e fazer o dever de casa.

O menino até pode ir pra cama sem escovar os dentes vez ou outra, mas ele tem apenas 9 anos, é comum entre os meninos dessa idade. Não que ele seja um menino comum, o Carlinhos é diferente, ele tem um brilho no olhar que só de te observar já passa uma alegria. Sua gargalhada é tão gostosa aos ouvidos, que dá vontade de enxê-lo de cócegas sempre que possível só pra ouvi-la.

O Carlinhos pode até ter quebrado o vidro da janela da Jurema enquanto jogava bola, passado de bicicleta em cima do rabo do gato da dona Rosa ou até mesmo derrubado o seu Antônio enquanto este voltava do centro com as compras do mercado. Ele vai continuar sendo aquele menino de alma tarantada que todos conhecemos e lembraremos com saudade como sendo o menino que tinha a mais bonita alegria de viver.