quarta-feira, 27 de abril de 2011

EU E O MUNDO




E se este giro incansável que embala nossa vida nada mais for do que esta rotação planetária ao redor do astro rei? E se desse mundo eu não for nada além de poeira das estrelas? Um grão de areia ou uma gota d'água? Esse mundão pulsa em sincronia com a dança da galáxia abasbacando os menores flagelos que nada parecem representar.

Me pergunto incansávelmente se faço parte desse mundo, ou se insignifico. Seria eu parte da pulsação de Gaia, pequena parte, mas ainda assim vital? Nada sou perante ao todo, mas sei que o todo não existiria sem a mim, sem a nós todos. O todo junto representa o mundo. As mãos dadas criam a corrente. Água, terra, fogo, ar e espírito. Elementos se fundem com almas. Vida somos nós, vida sou eu e o mundo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Realista

Só precisava de uma oportunidade para desabafo. Chorar litros de lágrimas não faz passar a sensação de sufoco e falar só faz lembrar. Sei que prometi a mim mesma não pensar mais em nada disso. Prometi que iria apagar tudo de tudo. Bela contradição já que sempre digo que não prometo aquilo que não posso cumprir. Minha razão manda ligar o "foda-se" e ir ser feliz, mas nessas horas até a pessoa mais sensata do mundo precisa de um tempo pra curtir a melancolia.

Cada decisão que tomamos, cada escolha feita, acaba deixando alguma opção pra trás. Se optamos seguir pela direita, deixamos de seguir pela esquerda, ou de até mesmo ficar onde estávamos, estáticos. E eu fiz minha escolha. No começo não fui nem por um lado nem pelo outro, andei entre os dois caminhos, mas sem perceber me peguei tendendo a uma só direção, e isso me pareceu correto. De alguma forma fez sentido seguir apenas por aquele caminho, seguir com vontade, pela minha própria vontade.

Acordei agora, tentando voltar atrás, trocar de caminho, ou nem isso, voltar a caminhar entre os dois, sem me definir. Tarde demais. Uma vez que ouvimos o coração, ele acaba dominando e tomando conta. Cabe a nós dar voz à razão pra colocar as coisas em ordem novamente. Leva tempo eu sei, mas quero pra ontem. Não vou ser hipócrita e dizer que quero voltar tudo, pegar definitivamente outro caminho. Não, isso não é verdade, queria não ter que sair desse, pra ser bem sincera, mas é preciso. É o correto.

Que piada! A quem eu estou querendo enganar? Nunca fui de desistir assim de nada por medo. Vou ter medo de que agora? De me magoar? Convenhamos, não sou do tipo que cai e fica no chão ponderando sobre o que aprendeu, se faço isso faço de pé já, arquitetando a maneira mais precisa pra dar o próximo passo. De que adiantaria ter uma personalidade forte se não vou impor minhas ideias? Posso ser muitas coisas, mas nunca fui irrealista. Até porque fazer o que parece correto, nem sempre é o certo. Pelo menos não pra mim.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Conversa franca

Talvez eu seja mesmo precipitada e que a hora certa teria sido amanhã ou depois. Mas eu não podia mais esperar. Parti pro tudo ou nada e você me olhou como se eu estivesse louca. Certo, em algum ponto concordamos, eu estava mesmo louca. Louca pra saber o que viria a seguir, ou como você iria reagir. Louca pra me livrar da sensação de não ter me exposto por completo, louca pra deixar de ser insegura, louca pra arriscar.

Sei que posso ter pego você de surpresa, surpreendido com palavras tão sinceras. Eu que costumo ser sempre tão honesta, nunca havia sido o suficiente com você. Deixamos sempre nossa relação subentendida. Acreditei com veemência que toda vez que eu dissesse "não" você percebesse que eu no fundo queria mesmo era dizer que "sim". Uma tola, eu sei. Sei sim, sei tudo que faço, e sabia que havia chegado a hora pra mim, que essa incerteza estava me matando. Foi quando decidi que era o momento de me expor. Afinal, quem nada tem, nada tem a perder. Esperar a hora certa estava fora de cogitação, se fosse pra ser, que fosse logo, que fosse agora.

Ensaiei meu tom de voz mais calmo, escolhi as palavras mais diretas, olhei nos seus olhos com o olhar mais sincero que já fui capaz de direcionar à alguém e simplesmente falei. TUDO. Foram os minutos mais longos da minha vida aqueles em que você me ouvia falar, em silêncio, depositando em mim uma quantidade de atenção que chegava a me intimidar. Então você coçou a cabeça, visivelmente nervoso e disse que eu era louca. Rebati pedindo pra que me dissesse algo que eu já não soubesse, ou que nada dissesse. Mas você finalizou com um "preciso pensar" e eu com um sorriso aliviado. Sim, foi um alívio o que senti. Alívio pois poderia finalmente dormir em paz. Eu detesto viver de dúvidas, prefiro muito mais as certezas, por vezes doloridas, mas principalmente a certeza de ter feito tudo que podia. Não sei na verdade se obterei uma resposta, na verdade, eu não o fiz pergunta alguma, só quis que você soubesse.